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Seja o que Deus Quiser

Fotografias Dani Tranchesi 
Textos e Curadoria Diógenes Moura

Museu Afro Brasil - Parque do Ibirapuera - São Paulo - Brasil

ABERTURA 28 DE SETEMBRO 2024

Nem ancestralidade, nem fundamento se apagam com normas do universo politicamente correto. Nem no primeiro, nem no terceiro, nem no último dos mundos. Por mais que os humanos pensem, continuaremos seguindo em direção ao abismo do que já fomos, do que somos, do que seremos. As imagens da série Seja o que Deus Quiser, da fotógrafa Dani Tranchesi, dizem sobre esse assunto. Foram realizadas na Feira de São Joaquim, também conhecida como Água de Meninos, em Salvador, na Bahia, em um galpão onde animais estão à venda para, sobretudo, serem sacrificados nas oferendas para os orixás. Trata-se de um lugar assustador, barulhento, febril, comandado por um homem que vende o que os clientes pedem, muitos deles pais e mães de santo. É um mistério, com nome e sobrenome, que um lugar como aquele, em pleno século XXI, continue aberto ao público. Mas é justamente esse mistério que faz com que o grito e a dor do mundo contemporâneo sejam cada dia mais incompreensíveis. A natureza humana e a natureza animal à serviço da natureza do invisível: nada mais frágil e violento, ao mesmo tempo. Assim como somos cada um de nós.

Diógenes Moura

Dani Tranchesi

O projeto Seja o Que Deus Quiser é um retrato do Brasil visto por dentro. Reúne imagens da fotógrafa Dani Tranchesi e crônicas do escritor e curador de fotografia Diógenes Moura. Fotografia e literatura juntas, para mostrar um país onde os estados e seu povo, juntos, criam uma história quase inalcançável, repleta de emoção e abismo, violência e paixão, religiosidade e abandono.

É exatamente dentro desse roteiro que o projeto Seja o Que Deus Quiser se desenrola. Para falar de um outro que somos nós mesmos. Para falar sobre arte e religiosidade, essa grandeza sem fim que vence todas as barreiras da precariedade para que todas as celebrações sejam realizadas: do Boi de Mina ao Maracatu de Baque Solto; da festa de Santa Bárbara/Iansã à Festa do Divino; da miscigenação do povo que circula entre os estados e municípios, com seu idioma particular, verdadeiro e ancestral ao apelo de fé onde multidões que se comovem diante de uma celebração onde se encontram deuses, orixás e outras entidades do invisível.
 

Seja o Que Deus Quiser percorre desde pequenos municípios, suas identidades e memórias, até grandes centros, metrópoles incansáveis, a solidão do homem, a festa da natureza da terra, o retrato dos filhos desse solo onde cada estado é um país. A partir desse pensamento, imagem e literatura revelam detalhes preciosos de um Brasil possível e impossível, ao mesmo tempo, grandioso e precário, que busca, um dia após o outro, um jeito de estar vivo para contar uma história ímpar, repleta de imaginação e desafios, um quase milagre pelas respostas a perguntas fundamentais: o que somos, de onde viemos, para onde vamos.

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Dani Tranchesi
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